quinta-feira, 29 de março de 2012

Para ouvir e refletir: Jorge Camargo - A Felicidade


A FELICIDADE
Jorge Camargo

A felicidade é uma porta
Que sempre se abre pra fora
Quem forçá-la para dentro
Ordena que o amor vá embora

A felicidade é uma porta
São poucos os que se arvoram
A mantê-la escancarada
Como vão de abrigo aos que choram

A felicidade é uma porta

É passagem, é caminho
É meio e não é fim
Roga o bem do seu vizinho
Nunca quer só pra si

A felicidade é uma porta
E abri-la é escolha sua
Quem se fecha não se arrisca
Mas a alegria está na rua

quarta-feira, 28 de março de 2012

Arrebentação



Todo surfista sabe que para pegar boas ondas é preciso vencer a arrebentação. Em algumas circunstâncias, a arrebentação pode dificultar muito um dia de surfe. Na vida, também existem as tais “arrebentações” e todos nós precisamos enfrentá-las.

Durante a infância ouvimos tudo o que os adultos nos ensinam. Acreditamos em tudo o que nos dizem. Achamos que eles sabem tudo e que são perfeitos. Nesse período todos dizem o que podemos e não podemos fazer e como devemos nos comportar. Na adolescência é quando nos deparamos com as primeiras ondas. Mas será que elas param de “arrebentar” à medida que vamos amadurecendo? Na transição para a juventude tudo vai tomando outra forma, mas as ondas continuam batendo. Ainda não é propriamente a vida adulta, mas também já não somos mais crianças. Tudo é novo. Nesta fase podemos e escolhemos algumas coisas por conta própria e, além disso, questionamos àqueles que nos ensinam. Não acreditamos mais em tudo o que nos dizem. Ao mesmo tempo, somos pressionados a tomar nossas próprias decisões. As respostas prontas sumiram, e agora ouvimos: “a decisão é sua”. Durante sua jornada muitas ondas se levantarão e devem ser vencidas, vindas uma atrás da outra. Para superar e passar de fase, estar com a auto-estima em dia é essencial. A auto-estima refere-se à capacidade de acreditar em nossas habilidades e potencialidades, ou seja, reconhecer a si mesmo como alguém de valor. Se a pessoa tem uma auto-estima saudável, ela também dispõe de recursos internos para vencer dificuldades.

Dos julgamentos que enfrentamos na vida, nenhum é mais importante do que o juízo que fazemos de nós mesmos. Diversos conflitos psicológicos estão associados à baixa auto-estima e eles podem se apresentar de certas maneiras: sentimento de se achar desinteressante e culpado por qualquer problema, sensação de não ser uma pessoa bem vinda e agradável, ansiedade demasiada, medo, depressão.

Nunca se esqueça: são apenas fases. O surfista não para diante da arrebentação. Ele continua sobre a prancha, pois sabe que lá na frente boas ondas o esperam


Via Ultimato Jovem

terça-feira, 27 de março de 2012

#Citações (4): Madre Teresa de Calcutá: Galardão

 

"Não sei ao certo como é o paraíso, mas sei que quando morrermos e chegar o tempo de Deus nos julgar, Ele não perguntará quantas coisas boas você fez em sua vida, Antes ele perguntará quanto amor você colocou naquilo que fez."

(Madre Teresa de Calcutá)



segunda-feira, 26 de março de 2012

A massacrante felicidade dos outros

 

Por Martha Medeiros

Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com mulheres que estão entre os 40 e 60 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e, ainda assim, elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: Eu espero acontecimentos só que quando anoitece é festa no outro apartamento.


Passei minha adolescência com a mesma sensação de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são ou aparentam ser.


Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias.
Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas. Então, fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando, na verdade, a festa lá fora não está tão animada assim!


Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexy, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores, enfim, campeões em tudo!


Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia - e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta: Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores?


Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige?
Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa?
Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá cortando as unhas do pé?
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
O Princípio da saúde é estar bem com a própria natureza
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

Martha  Medeiros no ZH

terça-feira, 20 de março de 2012

A lição das borboletas



Por Fábio Bauab

As borboletas sempre despertaram a minha atenção. Admirava a beleza de suas cores, a geometria dos desenhos nas asas e a sua misteriosa origem. Sim, quando criança eu não entendia muito bem de onde elas vinham. Confesso que naquela época eu também tinha certo receio ao vê-las voando na minha direção. Até hoje não entendo muito bem as razões daquele medo, mas a verdade é que medo e fascínio caminhavam juntos. Sim, como elas despertavam a minha curiosidade.

O fascínio aumentou quando aprendi que as borboletas são, na verdade, um segundo momento (estágio) na vida das lagartas. Achei a descoberta fantástica. A lagarta, quando chega o tempo certo, recolhe-se em seu casulo e, no isolamento total, passa pelo processo que a transforma em uma bela borboleta cuja beleza de suas cores ofusca o passado de sua existência não tão bem bela. Sim, as borboletas sempre despertaram a minha atenção. 


Hoje, tenho para mim que o ser humano não é tão diferente das borboletas. Nós também estamos em um processo contínuo de metamorfose ou evolução, como diria o filósofo Huberto Rohden. Na verdade, penso que esta é a nossa sublime vocação: pensar e repensar quem de fato somos. A estagnação nos mantém na brutalidade existencial. É necessário buscar, continuamente, sermos transformados pela renovação da nossa inteligência, como aconselhou o apóstolo Paulo à igreja em Roma (Rm 12:2a).


Paulo estava certo, somente a renovação da inteligência (nous) promove a transformação (metamorfose) do ser. Neste ponto, a mensagem de Paulo e a essência da mensagem sobre arrependimento proclamada por Jesus se alinham perfeitamente. Arrepender-se é promover uma renovação da mente/inteligência.


Acredito piamente que os maiores obstáculos para alcançarmos esta vocação estão dentro de nós mesmos. Temos medo de abandonar nossas convicções e certezas, pois elas nos fazem sentir seguros. A comodidade e o conforto nos impedem de ver a nossa própria existência ganhar um novo colorido, um novo significado, uma nova beleza. Enfim, Crescemos, mas não evoluímos. Envelhecemos, mas não alcançamos maturidade existencial. Adquirimos conhecimento, mas não chegamos à verdadeira sabedoria.


Concluo esta reflexão com um pensamento de Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.


Acho que é por isto que as borboletas sempre chamaram a minha atenção. Sinceramente, as borboletas ainda me fascinam.

Fraternalmente, Fábio Bauab.

domingo, 18 de março de 2012

Os bichos escrotos - Macedo X Santiago


Por Lucas Porto

A guerra protagonizada pelo Bi$po Pedir Maiscedo  Edir Macedo e Valdemiro Só Milagro  Santiago ganhou mais uma episodio, dessa vez o Macedão colocou todo seu império de tele comunicações para atacar Santiago, vendo toda essa guerra foi inevitável me lembrar daquela antiga canção de um dos primeiros discos do Rock Nacional. Definitivamente os BICHOS ESCROTOS saíram dos esgotos!!!
Essa é minha humilde homenagem a esses os líderes da igreja tupiniquim os BICHOS ESCROTOS saíram dos esgotos. Salve-se quem puder!

BICHOS ESCROTOS
Titãs

Bichos!
Saiam dos lixos
Baratas!
Me deixem ver suas patas
Ratos!
Entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado...

Pulgas!
Que habitam minhas rugas
Onçinha pintada
Zebrinha listrada
Coelhinho peludo
Vão se fuder!
Porque aqui
Na face da terra
Só bicho escroto
É que vai ter...

Bichos Escrotos
Saiam dos esgotos
Bichos Escrotos
Venham enfeitar
Meu lar!
Meu jantar!
Meu nobre paladar!...

Bichos!
Saiam dos lixos
Baratas!
Me deixem ver suas patas
Ratos!
Entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado...

Pulgas!
Que habitam minhas rugas
Onçinha pintada
Zebrinha listrada
Coelhinho peludo
Vão se fuder!
Porque aqui
Na face da terra
Só bicho escroto
É que vai ter...

Bichos!
Baratas!
Ratos!
Cidadão civilizado
Pulgas!
Onçinha pintada
Zebrinha listrada
Coelhinho peludo
Vão se fuder!
Porque aqui
Na face da terra
Só bicho escroto
É que vai ter...

Bichos Escrotos
Saiam dos esgotos
Bichos Escrotos
Venham enfeitar
Meu lar!
Meu jantar!
Meu nobre paladar!...

sábado, 17 de março de 2012

#Citações (2):C.S. Lewis : Alegria


"Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a alegria infinita que nos oferece, como uma criança ignorante que prefere continuar fazendo seus bolinhos de areia numa favela, porque não consegue imaginar o que significa um convite para passar férias na praia" 
(C. S . Lewis) 


terça-feira, 13 de março de 2012

Crucificar os crucifixos.

Por João Pereira Coutinho na Folha.com

Será que os cristãos têm direito a usar crucifixos ao pescoço? Depende. Se o símbolo religioso é usado em países como o Sudão ou a Nigéria, eu não aconselho tamanha insensatez: exibições blasfemas desse tipo podem significar uma condenação à morte.
Mas que dizer da decisão do governo inglês que, confrontado com um caso judicial, se prepara para considerar o uso de um crucifixo no trabalho como causa justa para despedimento?
Os pormenores vêm na última edição do "Sunday Telegraph" e reportam-se aos casos de Nadia Eweida, funcionária da British Airways, e Shirley Chaplin, enfermeira. Ambas foram suspensas por se recusarem a remover os crucifixos enquanto trabalhavam. A sra. Chaplin acabou mesmo demitida.
Christian Hartmann/Reuters
O primeiro-ministro britânico, David Cameron
O primeiro-ministro britânico, David Cameron
Agora, o governo de David Cameron prepara-se para apoiar a decisão das entidades empregadoras junto do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, votando a favor da proibição do uso de crucifixos. A Igreja Anglicana já protestou: a atitude do governo é um ataque à fé cristã e uma tentativa de remeter a religião para as margens da sociedade contemporânea.
Com a devia vénia aos reverendíssimos prelados, discordo. A decisão não é um ataque à religião. É pior: um ataque à liberdade individual de manifestarmos crenças ou valores em público sem temermos represálias por isso.
Essa, aliás, era a grande superioridade do Ocidente sobre o resto, a começar pelo Islã: se os outros persistem em punir com severidade qualquer desvio à fé oficial, o Ocidente, depois de séculos de conflitos sangrentos, entendeu as vantagens de dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.
Isso não significa, ao contrário do que pensam os fanáticos do secularismo, que o espaço público deva ser limpo de qualquer exibição de religiosidade. Significa que, precisamente por habitarmos estados seculares, todas as exibições de religiosidade são legítimas.
Se o Ocidente começa a destruir esse património civilizacional em nome de um multiculturalismo analfabeto e demente, desconfio que nem um milagre do Altíssimo nos poderá salvar da intolerância e da decadência.
 Via Pavablog

Conflito de símbolos e mandato cultural


Por Robinson Cavalcanti

O panorama religioso do mundo mudou profundamente nas últimas décadas, após o fim da Guerra Fria: “mundo livre”, ou Civilização Ocidental e Cristã vs. os “inimigos” do Império Soviético, em um esquema maniqueísta. Há sinais de vitalidade religiosa em áreas do antigo regime marxista, e sinais de declínio religioso em áreas da antiga “Civilização Ocidental”, cada vez mais excristã, pós-cristã e anticristã. Há bolsões de repressão religiosa no que resta de países comunistas, mas o fato novo – e preocupante – é o florescimento de partidos e movimentos hinduístas, budistas e islâmicos extremistas, advogando o fim da separação entre religião e Estado e a afirmação de suas nacionalidades pela vinculação a religião, e consequente discriminação contra as demais, notadamente o cristianismo. 

Uma revista brasileira de circulação nacional, em recente reportagem, mostrou a crescente perseguição aos cristãos em amplas áreas do globo. A Inglaterra – ex-celeiro de missionários – é o epicentro do Secularismo anticristão no Ocidente, que vai rapidamente se espalhando. É considerado normal para um judeu ortodoxo usar um solidéu, para uma islâmica usar um véu, para o sikh usar um turbante, mas apenas o uso da cruz vai sendo banido, tido como “ofensivo” para a sociedade secularista (multiculturalismo + politicamente correto + agenda GLSBT). A periodização histórica em “antes de Cristo” e o “Anno Domini” vai sendo substituída pelo antes e depois da “Era Comum”. Ministérios estudantis, como a ABU (IVF), vão sendo restringidos, por apresentarem apenas um caminho de salvação e um modo de se viver a sexualidade. Nos Estados Unidos se proíbe a Tábua da Lei em Tribunais, ou o uso da saudação “Feliz Natal” (deve ser apenas “boas festas”), e os símbolos cristãos (cruz, peixe, alfa e ômega, cordeiro) vão sendo varridos em sua visibilidade dos espaços públicos. Proibidos, também, o uso do argumento religioso na esfera pública, os cristãos ocidentais vão sendo empurrados para um gueto, com sua fé restrita às suas consciências, seus lares e seus templos, sem relevância histórica ou influência social.

O ódio secularista se dirige, prioritariamente, ao monoteísmo de revelação, por afirmar conceitos e preceitos morais, tidos como preconceitos, por uma sociedade relativista, amoral e hedonista. Enquanto isso o Islã, financiado pelos petrodólares, vai construindo enormes e visíveis mesquitas no Ocidente para onde emigraram, e em países periféricos onde atuam, com a torre de seus minaretes como lugares mais altos, em uma afirmação de influência e de poder. 

O conflito político-ideológico-econômico vai sendo substituído por um conflito de símbolos religiosos como expressão mais tangível do que já foi denominado de “choque de civilizações”, porque por trás dos símbolos há um conteúdo de valores e estilos de vida, com profundos desdobramentos para os povos. Enquanto isso, nós cristãos, somos ensinados que a humanidade tem um mandato cultural que foi maculado com o Pecado Original, e que é dever da Igreja recuperá-lo segundo o ideal do Criador, ao promover os valores do Reino de Deus, o Direito Natural e o Bem-Comum, como mensageiros, missionários, evangelistas, embaixadores, sal e luz, não de uma Cristandade político-militar ou teocrática, mas afirmadora da soberania de Deus sobre a História, e o reinado do singular Jesus Cristo sobre as nações, o que implica em uma evangelização das culturas, afirmadas, mas chamadas à transformação segundo o projeto do Senhor e o caráter de Cristo. Todas elas estarão um dia diante do Cordeiro. O próximo momento da História será, sem dúvida, um conflito também, e muito, de símbolos (hoje já proibidos ou restringidos).

O bispo anglicano Julian Dobbs tem sugerido a necessidade urgente e imperiosa de uma ampla campanha para que o povo cristão use uma cruz ou outro símbolo cristão como adereços (cordões, lapelas), e os clérigos o seu colarinho ou outra expressão exterior da sua condição, como forma de identificação, afirmação, resistência e testemunho. Nesse sentido, o protestantismo latinoamericano, com sua radical iconoclastia, rejeitando toda beleza, arte plástica e símbolos na adoração (arquitetura e decoração de templos, vestes clericais, etc.), associada, equivocadamente, com idolatria ou com a Igreja Romana, dá um tiro no pé, como “inocente útil” dos adversários, despreparada e fazendo gol contra. 

O secularismo que quer varrer nossos símbolos, para varrer nossa presença e influência, e o Islã, que quer afirmar os deles, e sua hegemonia mundial, agradecem. Ou o protestantismo latinoamericano (e brasileiro) iconoclasta, presentista e informalista, permite que Deus o cure dessa enfermidade espiritual imatura, indo além do discurso ou do show, resgatando uma rica herança, patrimônio de toda a Cristandade, ou vamos ter uma ausência de protagonismo, ou um protagonismo negativo no próximo capítulo da História da Civilização e da História da Igreja. 

A Bíblia, a História, a Antropologia Cultural e a Psicologia Social ajudariam esse salto de qualidade.

Originalmente em DAR

sexta-feira, 9 de março de 2012

Ação contra crucifixos mostra intolerância


William Douglas

Veja esta notícia publicada no Portal IG:

“(…) em atenção à queixa de um cidadão, que se sentiu discriminado pela presença de um crucifixo no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão entrou com uma ação civil pública para obrigar a União a retirar todos os símbolos religiosos ostentados em locais de atendimento ao público no Estado. A ação, com pedido de liminar, visa garantir a total separação entre religião e poder público, característica de um Estado laico, ainda que de maioria cristã, como o Brasil. ‘Minha ação restringe-se aos ambientes de atendimento ao público. Nada contra o funcionário público ter uma imagem de santo, por exemplo, sobre a sua mesa de trabalho’. Católico praticante (‘comungo e confesso’, diz Dias, 38 anos, o Procurador responsável pela ação. Uma decisão favorável no TRF-SP certamente levará o assunto a outras instâncias. O único precedente que existe é negativo. Em junho de 2007, o Conselho Nacional de Justiça indeferiu o pedido de retirada de símbolos religiosos de todas as dependências do Judiciário. Na ação pública, Dias lembra que, além de estarmos em um Estado laico, a administração pública deve zelar pelo atendimento aos princípios da impessoalidade, da moralidade e da imparcialidade, ou seja, garantir que todos sejam tratados de forma igualitária. O procurador entende, nesse sentido, que um símbolo religioso no local de atendimento público é mais que um objeto de decoração, mas pode ser sinal de predisposição a uma determinada fé. “Quando o Estado ostenta um símbolo religioso de uma determinada religião em uma repartição pública, está discriminando todas as demais ou mesmo quem não tem religião, afrontando o que diz a Constituição’.” (04/08 - 16:29 - Mauricio Stycer, repórter especial do IG).

O tema vem sendo cada vez mais discutido e, ao meu ver, está sendo objeto de uma interpretação equivocada por aqueles que desejam a retirada dos símbolos religiosos. O Estado é laico, isso é o óbvio, mas a laicidade não se expressa na eliminação dos símbolos religiosos, e sim na tolerância aos mesmos.

A resposta estatal ao cidadão queixoso, mencionado acima, não deveria ser uma ação civil pública, mas uma simples orientação, no sentido de que o país ter uma formação histórica-cultural cristã explica que haja na parede um crucifixo e que tal presença não importa em discriminação alguma. Ao contrário, o pensamento deletério e a ser combatido é a intolerância religiosa, que se expressa quando alguém desrespeita ou se incomoda com a opção e o sentimento religioso alheios, o que inclui querer eliminar os símbolos religiosos.

Ao contrário do que entende o ilustre Procurador mencionado, a medida não se limitará aos ambientes de atendimento ao público. O próximo passo será proibir também os símbolos na mesa de trabalho, seja porque o ambiente pertence ao serviço público, seja porque em tese poderia ofender algum colega que visualizasse o símbolo. No final, como se prenuncia no poema “No caminho, com Maiakóvski”, o culto e devoção terão que ser feitos em sigilo, sempre sob a ameaça de que alguém poderá se ofender com a religião do próximo. Nesse passo, eu, protestante e avesso às imagens (é notório o debate entre protestantes e católicos a respeito das imagens esculpidas de santos), tive a ocasião de ver uma funcionária da Vara Federal onde sou titular colocar sobre sua mesa uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida. A minha formação religiosa e jurídica, onde ressalto a predileção, magistério e cotidiano afeito ao Direito Constitucional, me levou a ver tal ato com respeito, vez que cada um escolhe sua linha religiosa. A imagem não me ofendeu, mas sim me alegrou por viver em um país onde há liberdade de culto. Igualmente, quando vejo o crucifixo com uma imagem de Jesus não me ofendo por (segundo minha linha religiosa) haver ali um ídolo, mas compreendo que em um país com maioria e história católica aquela imagem é natural. O crucifixo nas cortes, independentemente de haver uma religião que surgiu do crucificado, é uma salutar advertência sobre a responsabilidade dos tribunais, sobre os erros judiciários e sobre os riscos de os magistrados atenderem aos poderosos mais do que à Justiça.

Vale dizer que se a medida for ser levada a sério, deveríamos também extinguir todos os feriados religiosos, mudar o nome de milhares de ruas e municípios e, ad reductio absurdum, demolir simbolos e imagens, a exemplo, que identificam muitas das cidades brasileiras, incluindo-se no cotidiano popular de homens e mulheres estratificados em variados segmentos religiosos. Ao meu sentir, as pessoas que tentam eliminar os símbolos religiosos têm, elas sim, dificuldade de entender e respeitar a diversidade religiosa. Então, valendo-se de uma interpretação parcial da laicidade do Estado, passam a querer eliminar todo e qualquer símbolo, e por consequência, manifestação de religiosidade. Isso sim é que é intolerância.

Embora cristão, as doutrinas católicas diferem em muitos pontos do que eu creio, mas se foram católicos que começaram este país, me parece mais que razoável respeitar que a influência de sua fé esteja cristalizada no país. Querer extrair tais símbolos não só afronta o direito dos católicos conviverem com o legado histórico que concederam a todos, como também a história de meu próprio país e, portanto, também minha. Em certo sentido, querer sustentar que o Estado é laico para retirar os santos e Cristos crucificados não deixaria de ser uma modalidade de oportunismo.

Todos se recordam do lamentável episódio em que um religioso mal formado chutou uma imagem de Nossa Senhora na televisão. Se é errado chutar a imagem da santa, não é menos agressivo querer retirar todos os símbolos. Não chutar a santa, mas valer-se do Estado para torná-la uma refugiada, uma proscrita, parece-me talvez até pior, pois tal viés ataca todos os símbolos de todas as religiões, menos uma. Sim, uma: a “não religião”, e é aqui que reside meu principal argumento contra a moda de se atacar a presença de símbolos religiosos em locais públicos.

A recusa à existência de Deus, a qualquer religião ou forma de culto a uma divindade não é uma opção neutra, mas transformou-se numa nova modalidade religiosa. Se por um lado temos um ateísmo como posição filosófica onde não se crê na(s) divindade(s), modernamente tem crescido uma vertente antiteísta. Para tentar definir melhor essa diferença, vale dizer que se discute se budistas e jainistas seriam ou não ateus, por não crerem em divindades além daquela representada pela própria pessoa ou grupo delas, no entanto jamais se discutiria se um budista é ou não antiteísta. É inegável reconhecer-se que esta nova vertente religiosa tem seus profetas, seus livros sagrados e dogmas. Como a maior parte das religiões, faz proselitismo, busca novos crentes (que nessa vertente de fé, são os “não crentes”, “not believers”, os que optam por um credo que crê que não existe Deus algum).

É conhecida a campanha feita pelos ateus nos ônibus de Londres. A British Humanista Association colocou o anúncio There’s probably no God. Now stop worrying and enjoy your life (“Provavelmente Deus não existe. Então, pare de se preocupar e aproveite sua vida”) nas laterais de ônibus britânicos, ao lado dos tradicionais anúncios religiosos. Repare-se que o “provavelmente” demonstra educação, senso político ou cortesia, e que nos cartazes nos ônibus todas as letras estavam em caixa alta, eliminando a discussão sobre se deveriam escrever Deus com “D” ou “d”. Mas nem todos os ateus são educados e cordatos, embora uma grande quantidade deles, grande maioria eu creio, o seja.

Assim como o Protestantismo foi uma reação aos que não estavam satisfeitos com o catolicismo romano, o antiteísmo, ou ateísmo militante, que vemos hoje, é uma reação dos que estão insatisfeitos com a religião. Interessante perceber que esta linha de ateus é intolerante e, como foi historicamente comum em todas as religiões iniciantes ou pouco amadurecidas, mostrou-se virulenta e desrespeitosa no ataque às demais. Esta nova religião, a “não religião”, ao invés de assumir o controle ou titularidade da representação divina, optou por entender que não existe Deus nenhum. Em certo sentido, ao eliminar a possibilidade de um ser superior, assumiu o homem como o ser superior. Aqui o homem que professa tal tipo de crença não é mais o representante de Deus, mas o próprio ser superior. Nesse passo, a nova religião tem outra penosa característica das religiões pouco amadurecidas, consistente na arrogância e prepotência de seus seguidores, apenas igualada pelo desprezo à capacidade intelectual dos que não seguem a mesma linha de pensamento.

Assim, enquanto existe um ateísmo que simplesmente não crê e que demonstra as razões disso em um ambiente de respeito e diversidade, vemos crescer também um outro ateísmo, agressivo, que não apenas não livrou o mundo dos males da religião, mas também passou a reprisá-los.

O principal profeta dessa religiosidade invertida (mas nem por isso deixando de ser uma manifestação religiosa) é Richard Dawkins, autor do livro “Deus, um Delírio”. Ele está envolvido, como qualquer profeta, na profusão de suas ideias, fazendo palestras e livros, concedendo entrevistas e fazendo suas “cruzadas”. A Campanha Out (em inglês: Out Campaign) é uma iniciativa proselitista em favor do ateísmo, tendo até mesmo um símbolo, o “A” escarlate. A campanha atualmente produz camisetas, jaquetas, adesivos, e broches vendidos pela loja online, e os fundos se destinam à Fundação Richard Dawkins para a Razão e a Ciência (RDFRS). Algo que não deixa de ser muito semelhante às campanhas financeiras típicas de outras manifestações de fé.

Como alguns profetas religiosos, Dawkins não poupa pessoas ilustres de credos concorrentes. Por exemplo, em seu livro, ele diz sobre Madre Teresa o seguinte: “(...) Como uma mulher com um juízo tão vesgo pode ser levada a sério sobre qualquer assunto, quanto mais ser considerada seriamente merecedora de um Premio Nobel? Qualquer um que fique tentado a ser engabelado pela hipócrita Madre Teresa (...)” (pág. 375).

Naturalmente, entendo que Dawkins e seus seguidores têm todo o direito de pensarem e professarem qualquer fé, mesmo que seja a fé na inexistência de Deus e nos malefícios da religião. Contudo, só porque não creem em um Deus ou vários dEles, não estão menos sujeitos aos valores, princípios e leis que, se não nos obrigam à fraternidade, ao menos nos impõem a respeitosa tolerância. Outra coisa que não se pode é identificar em qualquer Deus ou símbolo religioso um inimigo e se tentar cooptar a laicidade do Estado para proteger sua própria linha de pensamento sobre o assunto religião.

Ao meu ver, discutir os símbolos religiosos é mais fácil do que enfrentar a distribuição de renda, a fome, injustiça e a desigualdade social. Não nego a importância do assunto, mas acharia cômico se não fosse trágico que as pessoas se ofendam com uma cruz o bastante para acionar o Estado e não o façam diante de outras situações evidentemente mais prementes. Talvez mexer com os religiosos seja mais simples, divertido e seguro, mas certamente não demonstra uma capacidade superior de escolher prioridades. Portanto, parece conveniente lembrar que católicos, judeus, evangélicos, espíritas e muçulmanos, e bom número de ateus também, gastam suas energias ajudando aos necessitados. Tenho a esperança de que nas discussões haja mais coerência e menos “pirotecnia” e “perfumaria” de quem discute o sexo, digo, a existência dos anjos em vez de enfrentar os verdadeiros problemas de um país que, salvo raras e desonrosas exceções, é palco de feliz tolerância religiosa.

A eliminação dos símbolos religiosos atende aos desejos de uma vertente religiosa perfeitamente identificada, e o Estado não pode optar por uma religião em detrimento de outras. A solução correta para a hipótese é tolerar e conviver com as diversas manifestações religiosas. Assim, os carros poderão continuar a falar em Jesus, Buda, Maomé, Allan Kardec ou São Jorge sem que ninguém deva se ofender com isso. Ou, se isso ocorrer, que ao menos não receba o beneplácito de um Estado que optou por ficar equidistante das inúmeras, infinitamente inúmeras, formas de se pensar o tema fé. Não ter fé e não apreciar símbolos religiosos é apenas uma delas, respeitabilíssima, mas apenas uma delas.

Por fim, acaso fosse possível ser feita uma opção, não poderia ser pela visão da “minoria”, mas da “maioria”. Talvez essa afirmação choque o leitor. Dizer que se for para optar, que seja pela “maioria” choca, pois o conceito de “respeito às minorias” já está razoavelmente assimilado. Mas também deveria chocar a ditadura da minoria, a tirania dos que se transformam em vítimas ao invés de evoluírem o suficiente para ver nos símbolos religiosos não uma ofensa, mas um direito, e entender que os que já estão por aí, nas ruas, repartições e monumentos são apenas uma consequência da nossa longa formação histórica e cultural.

Em suma, espero que deixem este crucifixo, tão católico apostólico romano quanto é, exatamente onde ele está. Excluir símbolos é fazer o Estado optar por quem não crê. A laicidade aceita todas as religiões ao invés de persegui-las ou tentar reduzi-las a espaços privados, como se o espaço público fosse privilégio ou propriedade de quem se incomoda com a fé alheia. Eu, protestante e empedernidamente avesso às imagens esculpidas, as verei nas repartições públicas e saudarei aos católicos, que começaram tudo, à liberdade de culto e de religião, à formação histórica desse país e, mais que tudo, ao fato de viver num Estado laico, onde não sou obrigado a me curvar às imagens, mas jamais seria honesto (ou laico, ou cristão, ou jurídico) me incomodar com o fato de elas estarem ali.


William Douglas juiz federal, professor, escritor, mestre em Direito - UGF, Especialista em Políticas Públicas e Governo – EPPG/UFRJ.
 Via Genizah

quarta-feira, 7 de março de 2012

Justiça do Rio Grande do Sul determina retirada de crucifixos dos prédios da Justiça gaúcha.


O Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou nesta terça-feira (6), por unanimidade, a retirada de crucifixos e símbolos religiosos dos prédios da Justiça gaúcha. A decisão atende ao pedido da Liga Brasileira de Lésbicas e de outras entidades sociais. Os objetos devem ser retirados nos próximos dias.

Relator da matéria, o desembargador Cláudio Baldino Maciel afirmou em seu voto que o julgamento feito em uma sala de tribunal sob um expressivo símbolo de uma igreja e de sua doutrina não parece a melhor forma de se mostrar o Estado equidistante dos valores em conflito.
“Resguardar o espaço público do Judiciário para o uso somente de símbolos oficiais do Estado é o único caminho que responde aos princípios constitucionais republicanos de um estado laico, devendo ser vedada a manutenção de crucifixos e outros símbolos religiosos em ambientes públicos dos prédios do Poder Judiciário no Estado do Rio Grande do Sul”, escreveu o desembargador.
Em fevereiro deste ano, a Liga Brasileira de Lésbicas protocolou na Presidência do TJ um pedido para a retirada de crucifixos das dependências do Tribunal de Justiça e foros do interior. O processo administrativo foi movido em recurso a decisão de dezembro do ano passado, da antiga administração do TJ-RS. Na época, o Judiciário não havia acolhido o pedido.
Comentário Lucas Porto:
Seria bom se o pessoal das sociais e das humanas estudassem um pouco mais os teóricos do estado laico, para ver se param de fazer tantas besteiras que fazem em nome dessa laicidade de 1,99 que os mesmos defendem, mas pensando bem, fico com a frase que o Frade Demetrius dos Santos Silva disse anos atrás em um episódio semelhante:
"A Cruz deve ser retirada!
Nunca gostei de ver a Cruz em tribunais,
onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são vendidas e compradas.
Não quero ver a Cruz nas Câmaras Legislativas,
onde a corrupção é a moeda mais forte.
Não quero ver a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis,
onde os pequenos são constrangidos e torturados.
Não quero ver a Cruz em prontos-socorrose hospitais,
onde pessoas (pobres) morrem sem atendimento.
É preciso retirar a Cruz das repartições públicas,
porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira,
causa da desgraça dos pequenos e pobres.

No ConsciênciaeFé com informações G1

O Macedo Pira!


Via Facebook

terça-feira, 6 de março de 2012

E por falar de Heróis. . .


Por Renato Rangel

Vivemos uma fase de modismo gospel, isso é evidente.
Uma coisa comum é a maioria ter como referências “grandes” homens e mulheres que pelo seu poder de persuasão atraem a muitos. Alguns se destacam pela eloqüência, outros pela tamanha habilidade de liderança e outras ferramentas de manipulação. São esses os "super-heróis gospel". 

Aqueles que já não parecem mais seres humanos, que já avançaram o degrau da fabilidade e estão acima dos “simples” crentes.
Entretanto, em alguns lugares que passei nesse Brasil, conheci muitos “heróis”. Heróis despidos de roupas de grife, que não gozavam de conforto ou posses. Homens e mulheres que não tiveram suas vidas por preciosas e abraçaram o chamado de Cristo, o chamado para servir. Heróis que empunham com arma o verdadeiro evangelho, puro ...e simples.
Heróis que vivem no anonimato, em meio a comunidades ribeirinhas, aldeias indígenas, e povos necessitados.
Heróis que nunca serão conhecidos pelo “movimento gospel”, nunca estamparão a capa de uma revista, nunca saberão o que é ser aplaudido por multidões. Seu slogan é “servir”. São verdadeiramente discípulos do mestre que ensinou a não buscar a futilidade dessa vida, mas sobretudo viver o amor.
Esses verdadeiros heróis nunca aceitaram serem chamados assim, porque sabem que não possuem força ou brilho próprio. Acreditam que “tudo podem, naquele que os fortalece”. Seu alvo não é a glória humana e sim que Cristo resplandeça por intermédio deles, onde o amor de Deus é revelado.
Minha homenagem a esses “heróis”, que para muitos são simplesmente idealistas sem causa, meros sonhadores. Para mim são homens e mulheres convictos do seu chamado.
"Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas."
(Fl 3:20 e 21)
Em Cristo,
Renato Rangel

segunda-feira, 5 de março de 2012

Fora do AMOR não há SALVAÇÃO!


Por Hermes Fernandes

Definitivamente, somos salvos pelo Amor. Epa! Seria esta afirmação uma heresia? Afinal, não somos salvos pela Graça somente?

Antes que me tachem de herege, permitam-me expor as justificativas a esta afirmativa.

Salvação é um assunto vastíssimo. Várias questões devem ser consideradas antes de chegarmos a uma conclusão.

A primeira delas é: De quê somos salvos?

Há várias respostas possíveis, e todas estão relacionadas entre si. Mas a que resume todas é: Somos salvos de nós mesmos.

Deixamos de viver centrados em nosso próprio umbigo, para viver para Deus e para o semelhante. O resultado de uma vida auto-centrada é a ira justa de Deus. Por isso, é certo afirmar que somos salvos da ira de Deus. O combustível que alimenta as chamas do inferno é o egoísmo humano. Portanto, também é certo dizer que somos salvos do inferno. O fundamento sobre o qual os sistemas do mundo estão alicerçados é o amor próprio. Logo, também é certo dizer que somos salvos do mundo e de suas paixões.

A segunda questão igualmente importante é: Por qual meio somos salvos?

As Escrituras falam por si:

“Pois é pela GRAÇA que sois salvos, por meio da fé – e isto não vem de vós, é dom de Deus – não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2:8-9).

Não haveria outro meio eficiente para salvar-nos de nós mesmos, senão a Graça. Se fosse possível sermos salvos pelas obras, por exemplo, nosso orgulho se retroalimentaria, e continuaríamos cativos de nosso eu.

Mas qual é a fonte desta GRAÇA? O que faz com que Deus Se importe com gente como nós, pecadores inveterados, cheios de defeitos, dignos de sua ira santa? A resposta está bem debaixo do nosso nariz. Trata-se da mais conhecida passagem bíblica:

“Porque Deus AMOU o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo.3:16).

Portanto, a fonte de toda graça é o AMOR. O sacrifício feito na Cruz é a mais contundente prova do amor de Deus pela humanidade. Veja o que Paulo diz sobre isso:

“Mas Deus prova o seu AMOR para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5:8).

Não consigo entender como há gente capaz de pedir prova do amor de Deus. Não há mais nada pra se provar. Independente das lutas que tenhamos nesta vida, o amor de Deus por nós já está mais do que provado.

Sem amor, jamais haveria salvação. A graça nada mais é do que o amor de Deus em operação.

Permitam-me uma analogia: a graça é o rio de Deus fluindo por entre os homens. O amor é a fonte de onde suas águas jorram. E a fé é o canal, a calha, por onde essas águas fluem. A fé abre o caminho para que as águas do rio de Deus deságüem em nosso ser. Porém, esta fé, que também é dom de Deus, é operada pelo amor. Veja o que Paulo diz sobre isso:

“O que importa é a fé que opera pelo amor” (Gl.5:6a).

A fé dada por Deus não se articula sozinha. Sem amor, a fé seria como o leito de um rio seco.
Daí a ênfase dada por Paulo: “...ainda que eu tivesse toda a fé, de maneira que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria” (1 Co.13:2b).

Não se trata de uma fé espetaculosa, preocupada em afirmar-se. Mas de uma fé gentil e gesticulosa, que se apóia no amor ao próximo. Se tiver que remover uma montanha, será para abrir caminho para que outros passem. Uma fé que se revela mais em pequenos gestos de amor do que em grandes demonstrações de poder.

Ademais, se somos salvos por Deus, logo, somos salvos pelo Amor, porque DEUS É AMOR!

E é este amor que desloca o eixo de nossa existência, fazendo com que deixemos de viver para nós mesmos. No dizer de Paulo, “o amor de Cristo nos constrange (...) Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si...” (2 Co.5:14a-15a).

E finalmente, a última questão com que nos deparamos é: Pra quê somos salvos?

Para revelar ao mundo o amor de Deus através de nossas obras. A mesma passagem que diz que somos salvos pela graça, independente das obras, também diz que fomos "criados em Cristo Jesus para as boas obras" (Ef.2:10).

As obras não são a causa de nossa salvação, mas o resultado dela. Esta graça em nós operada deve resultar em AÇÕES de graça.

Quem quer que se atreva a declarar que está salvo, porém não age como tal, engana-se a si mesmo, e continua igualmente perdido. João arremata:

"Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte (...) Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E devemos dar a nossa vida pelos irmãos" (1 Jo.3:14,16).

Afirmar que é salvo não é suficiente para comprovar nada. Salvação que não resulte em amor é como achar que mergulhou num rio, e saiu de lá seco, porque o rio não passava de uma miragem no deserto.

Assentimento intelectual não basta. Passar por um ritual batismal, idem. É necessário que sejamos batizados no AMOR.

Do excelente blog do Hermes Fernandes

sábado, 3 de março de 2012

Jacky, esposa do vocalista do Oficina G3, descansa após batalha contra o câncer


Por Antognoni Misael

Que humano saberá conviver em paz com a morte? Quem tornará tal tragédia em vida? Quem sorrirá em plena dor? Quem!?
Longe de ser quimera, algo chamado Graça nos desafia a lógica da morte e nos faz refletir, chorar e ao mesmo tempo se alegrar em Deus pelo exemplo de fé e gratidão na vida de Jacky.
Hoje tive a triste notícia do falecimento dessa querida irmã, esposa de Mauro Henrique, vocalista do Oficina G3. E a notícia me levou a tristeza. Tristeza porque em toda partida uma lágrima cai ao chão; no adeus, a vida se parte e logo vira grão... Tristeza porque a voz e os movimentos se vão... Tristeza porque a dor da ida é deriva do coração. Sim, tristeza.
Agora é momento de reflexão. Abraço demorado. Olhar periférico. Barulho na alma. Silêncio no vão...
São sensações que nos indicam a mais pura verdade terrena: somos humanos, portanto normal é chorar com os que choram! São demonstrações de perto, de longe, de verdade, de pêsames por Mauro e família.
Enquanto nosso lamento, como em bravios e intempestivos mares por dentro de nós se agitam, gritam e argumentam com o Mestre: - “Por quê Senhor? Por quê?” O Espírito de Deus em suave tom e quietude nos transfere para uma outra dimensão e nos apazigua dizendo que a morte não tem poder sobre Jacky. Enquanto isso as palavras do Mestre ecoam em nosso interior: “Eu Sou a ressurreição e a vida! Quem crê em mim ainda que morra viverá”! (Jo 11.25)
Queridos, a Jacky está com o Senhor. Ela não nos deu adeus. Deus apenas a tomou para Si. O que precisamos de verdade é cada vez mais compreender que estamos aqui de passagem. Melhor que as aflições e descaminhos deste mundo é descansar nos braços do Pai.
Quando Jacky cantava e adorava ao Senhor Jesus naquele hospital nos ensinando a prática da verdadeira fé eu lembrava de Paulo cantando na prisão. As raras demonstrações de fé, piedade e gratidão a Deus acima das circunstâncias me alegrava o coração quando via aquelevídeo dela com o seu esposo. Enquanto no cenário comum da atualidade a multidão busca uma vida com Deus em troca de bênçãos materiais, Jacky falava profundamente a igreja brasileira ao dizer que a Sua presença lhe bastava independente da cura que ela solicitava; mesmo assim ela não parou de lutar contra o câncer nestes últimos dois anos, porém sem demonstrar murmuração alguma. Contudo não tenho dúvidas que através daquela enfermidade o Nome do Senhor Jesus foi glorificado, pois a Palavra nos ensina que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28), até mesmo a aflição e o padecer! No mais, peço mais Graça para que no dia da dor e da provação Ele me dê seu Consolo, Paz e assim como Jacky o fez, eu também possa fazer: oferecer minha vida em gratidão independente das circunstâncias.


Postou Toni no Arte de Chocar