segunda-feira, 30 de abril de 2012

O risco de se pregar o amor


Por Hermes C. Fernandes

Lembro de quantas vezes ouvi meu pai falar de amor. Essa era, sem dúvida, uma das tônicas de seu ministério, o que lhe rendeu o apelido de “apóstolo do amor”. Não foi ele quem se intitulou assim. Aliás, ele nunca ligou muito pra título. Por isso, só pouco antes de morrer, na semana em que partiu, ele aceitou ser sagrado bispo. Mas ainda hoje há quem se refira a ele como “apóstolo do amor”.

Mas ele sabia dos riscos que havia de se pregar o amor. Algumas pessoas mal intencionadas se aproveitavam para extrair dele algum benefício, e quando ele não podia atender à um pedido, logo o chamavam de incoerente, de não viver o que pregava, etc. A bem da verdade, algumas vezes ele caiu em verdadeiras armadilhas. Ele preferia acreditar nas pessoas, até que se provasse o contrário.

Muitos dos seus gestos de amor eram feitos à surdina. Eu mesmo já testemunhei ocasiões em que ele ajudou alguém, e pediu que não divulgasse. Ele buscava seguir à risca à orientação dada por Jesus: o que fizer a mão direita, não o saiba a esquerda.

Quando decidi fazer da mensagem do amor uma das principais ênfases do meu ministério, eu estava plenamente ciente do que isso me acarretaria. Eu seria julgado com mais severidade. Seria acusado de incoerência, quando tivesse que disciplinar alguém na igreja. Teria minha vida constantemente perscrutada por aqueles que me almejassem “desmascarar”. Mas resolvi correr o risco.

Confesso que às vezes o preço parece mais caro do que eu supunha ser. Mas, por outro lado, é gratificante. O resultado positivo não pode ser ofuscado por nenhuma contestação ou acusação.

Que me acusem do que quiserem. Não me importo. Mas jamais se atrevam a atacar a mensagem, pois ela não é minha, é de Deus.

Não vou deixar de pregar o amor, ainda que, quanto mais amar, eu seja menos amado. Não busco ser correspondido. O amor de Deus por mim supre minha carência por completo. O fato de Ele me amar é suficiente para que eu ame tanto a meus amigos, quanto a meus desafetos.

Continuarei pedindo discrição daqueles a quem eu tiver oportunidade de ajudar. Minha recompensa vem do Senhor.

Não vou perder tempo emprestando meus lábios às acusações, sejam elas infundadas ou não. Como também não quero perder tempo me explicando, me justificando, pois tenho quem me defenda e me justifique. Com a palavra... meu advogado... Jesus!

Trata-se de um caminho sem volta. Seja qual for o preço a ser pago, não se pode retroceder.

Que o mesmo Espírito que derramou profusamente o amor de Deus em nossos corações, nos dê condição de arcar com os eventuais custos disso.

Pregar o amor é colocar-se no banco de réus. Viver o amor é dar às pessoas amadas o poder de nos decepcionar. Mas é o mesmo amor que nos agracia com o dom de perdoar.


Hermes Fernandes em Cristianismo Subversivo

terça-feira, 24 de abril de 2012

A minha alma está armada


Por Marcello Vieira


Certa vez Charles Spurgeon sintetizou muito bem o quê é um cristão, ele disse: “Todo cristão ou é um missionário ou é um impostor.” Uma frase radical como o evangelho.

O primeiro chamado de Jesus ao homem é a redenção. O segundo é a subversão.

Igreja e missão são sinônimos no projeto de Deus. Cristão e missionário são sinônimos nessa fase de implantação do Reino. No convite de Jesus está implícita a frase: Saia da sua zona de conforto!
Afinal foi isso o quê ele fez. Abandonou o conforto da sua glória divina para se espremer dentro uma matéria humana.

Na verdade, Jesus foi o maior missionário de todos os tempos. E ele ordenou: Sejam meus imitadores!
E missão não é algo que a igreja tem que fazer. Missão é algo que a igreja tem que ser. Não há justificativa bíblica para institucionalizar uma igreja que não seja para transforma-la em uma agência missionária. Uma igreja que se institucionaliza e passa arrecadar dinheiro tem como dever moral patrocinar missões.

E o quê é missão?

Intervenção na história! Ação, comprometimento, sacrifícios de misericórdias.
Pregar o evangelho focando unicamente em patrulhamento moral é condensar o seu poder atômico de transformação sócio cultural. O arrependa-se não se limita aos pecados morais, mas também está em mudar as lentes, tirar o foco do umbigo. Ou seja, uma igreja bíblica é uma igreja missionária.

E quem é a igreja?

Somos todos nós que declaramos Cristo como Senhor.

E o quê que estamos fazendo?

Pouco! Muito pouco! Estamos acomodados nas poltronas das igrejas, estamos traçando o nosso plano de vida, estamos fundamentando o NOSSO REINO e, de quebra, usamos o nome de Deus como um patuá para nos abençoar.  Nos tornamos extremamente egoístas. Nos tornamos fariseus pós modernos, dando esmolas e apegados a uma religiosidade inútil. Uma igreja missionaria se compromete socialmente com as mazelas da sua localidade. Sem partidarismo, exercendo apenas o amor, exercendo apenas sua cidadania.

Até onde estamos indo por Jesus? Essa é uma pergunta comum quando se fala em missões, porém, eu pergunto diferente: O quê você não faria de jeito nenhum por Jesus?


Responda sinceramente essa pergunta e descubra onde está o seu coração. Descubra quem é o seu amor maior, descubra quem você idolatra em espírito e em verdade. É, seu sei. Jesus perde para o seu filho, seu cônjuge, sua carreira, seus sonhos...
A igreja não ama Jesus acima de todas as coisas, por isso, não consegue negar si mesmo e viver pelo outro. Por isso não consegue ser suficientemente relevante. E se ele não é o nosso amor maior, nunca sairemos da nossa zona de conforto, nunca seremos agentes transformadores do Reino, nunca seremos missionários, logo,  continuaremos sendo impostores! Impostores brigando pela defesa do evangelho. Somos patéticos.


Precisamos resolver isso com Ele!

Essa é a pergunta de nossas vidas.  Ao responde-la sinceramente, talvez descubramos que até hoje andamos mentindo para nós mesmos, e esse é o maior boicote que alguém pode fazer a si.

Então você pergunta: Como isso aconteceu? Eu mudei tanto! Eu parei com isso, eu parei com aquilo, ou então, eu nunca fiz isso, eu nunca fiz aquilo. A questão é que o evangelho não nos foi dado para fazer um patrulhamento moral, ele veio para restaurar à correta cosmovisão.

O problema é que você não aderiu o evangelho. Você aderiu ao movimento evangélico, e movimentos enganam, alienam e lobotomizam.

O movimento evangélico hoje no Brasil, infelizmente não tem mais nada a ver com o Evangelho de Jesus. É um verdadeiro sepulcro caiado. Transparece uma paz, contudo, é uma paz inerte e muda perante o império da maldade. E paz sem voz não é paz, é medo.

Buscam desesperadamente paz para seus corações e seguem admitindo toda maldade do mundo sem rebelar-se, para assim, continuarem tentando ser felizes em suas zonas de conforto.

A institucionalidade da igreja trouxe conforto e proteção, porém, com o tempo, trouxeram dúvidas para quem as viu se transformarem em prisões. Para quem as viu se transformarem em masmorras que ferem muita gente boa de Deus.

O clamor final é: Arrependa-se igreja! Vamos resgatar a unidade, a relevância dos cristãos primitivos.

Vamos nos abraçar e fazer filhos na fé e não nos limitarmos às poltronas dos dias de domingo.

Que arda o seu coração! Que o seu espírito se rebele, assim como aconteceu com o espírito de Paulo ao ver a idolatria grega, ao ver o avanço do império da maldade. Que você seja um cristão em missão na sua realidade local. Que ricos e pobres, fortes e fracos, opressores e oprimidos, possam reconhecer Jesus em você.

Que a sua alma esteja armada e apontada para a cara do sossego! Porque paz sem voz não é paz, é medo.


Marcello Vieira no Verbo Primitivo

sábado, 21 de abril de 2012

Para ouvir e refletir: Criolo - Não existe amor em SP


NÃO EXISTE AMOR EM SP
Criolo

Não existe amor em SP
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
Cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você

Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu

Não precisa morrer pra ver Deus
Não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você
Encontro duas nuvens em cada escombro, em cada esquina
Me dê um gole de vida
Não precisa morrer pra ver Deus

quinta-feira, 19 de abril de 2012

#Citações (5): Erich Fromm: Fé e Esperança


"Quando a esperança desaparece, a vida termina, na realidade ou potencialmente. A esperança é um elemento intrínseco da estrutura da vida, da dinâmica do espírito do homem. Ela está intimamente ligada a outro elemento da estrutura da vida: a fé. A fé não é uma forma fraca de crença ou conhecimento; não é a fé nisto ou naquilo; a fé é a convicção sobre o que ainda não foi provado, o conhecimento da possibilidade real, a consciência da gravidez. A fé é racional quando se refere ao conhecimento real que ainda não nasceu; ela é baseada na capacidade de conhecimento e compreensão, que penetra superfície e vê o âmago. A fé, como esperança, não é a previsão do futuro; é a visão do presente num estado de gravidez."              
                                                                                                                                        (Erich Fromm)

Genealogia da crueldade


Por Israel Belo Azevedo

Por que somos cruéis?
(Desculpe-me, se você não é.)
Somos cruéis quando, escravos da autossuficiência, ignoramos (melhor: desprezamos) os estilos dos outros.
Somos cruéis quando permitimos que a amargura controle a nossa agenda.
Somos cruéis quando olhamos o outro como o responsável por nosso fracasso.
Somos cruéis quando achamos que precisamos retribuir hoje o que nos fizeram ontem.
Podemos ser cruéis com requintes metodológicos variados, que vão desde uma palavra colocada no alvo certo a um empurrão que não permite defesa.
Podemos ser cruéis sob os disfarces imperceptíveis do riso ou da indiferença.
Podemos ser cruéis em nome de Deus.

Israel Belo de Azevedo no Prazer da Palavra

terça-feira, 17 de abril de 2012

Espiritualidade e Legalismo


Por Fábio Bauab

Esta breve reflexão é, na verdade, uma carta resposta a um leitor do site. Algum tempo atrás eu recebi um e-mail de um leitor que me fez duas perguntas: Qual é a essência da espiritualidade cristã? Porque o ser humano é tão atraído pelo legalismo? Confesso que estes questionamentos estiveram dentro de mim por muito tempo e só foram expurgados a partir do momento que entendi a proposta de Jesus.
Se o modelo proposto por Jesus é verdadeiro (e eu creio que sim), então a essência da espiritualidade cristã é o Amor. Todas as ações e ensinamentos de Jesus estão baseados no amor. Da encarnação à crucificação tudo é realizado com base no Amor.
Infelizmente o ser humano tem um grande defeito: copiar a forma e esquecer-se do princípio. Assim, copiamos a forma apresentada por Jesus e esquecemos o princípio por ele ensinado.
Veja bem, ensinamos as pessoas a orar, ler a bíblia e até jejuar (forma), mas nem sempre ensinamos que elas devem ser realizadas com base no Amor. As pessoas oram porque querem mais poder, jejuam porque querem mais unção, leem a bíblia porque é dever de todo cristão (fazemos até concurso de leitura anual). Mas, a motivação nem sempre (para não generalizar) é o Amor sincero que não espera nada em troca.
O Amor verdadeiro nos leva a praticar a justiça, a caridade ou as disciplinas espirituais não porque esperamos algo em troca, mas sim, porque este Amor já produziu em nós marcas profundas. Tão profundas que não conseguimos viver sem expressar este amor àqueles que estão próximos de nós.
Amor é isto, um dom dado por Deus para produzir no ser humano marcas profundas. Ele é para ser dado e recebido. É para ser vivenciado e não teorizado.
Fora do Amor caímos no legalismo. Praticamos todas as disciplinas espirituais porque elas nos dão a segurança de que estamos realizando coisas boas, estamos em paz com Deus.
Esta é a razão porque as pessoas preferem o legalismo: segurança. Sentem-se seguros acerca do seu relacionamento com Deus. Acredito que são pessoas sinceras, tementes a Deus mas que não conseguem viver na liberdade do Espírito promovida pelo Amor.
Paulo trabalhou este tema quando escreveu aos crentes da Galácia: “Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres” (Gl 5:1). Fomos gerados nova criatura em Cristo Jesus para a liberdade.
Fraternalmente

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O amanhecer de um novo dia para a humanidade


Por Hermes Fernandes

Jesus introduz uma perspectiva revolucionária capaz de sacudir os alicerces sobre os quais nossa sociedade foi erigida. Ele substitui o antigo mandamento do amor por um novo e subversivo mandamento, onde a referência já não é o amor próprio, mas o amor de Cristo.

O amor próprio nos serviu como uma vela acesa durante uma noite longa e escura. Mas com o raiar do dia, já não faz sentido manter a vela acesa.

É sobre isso que João fala em sua primeira epístola:

“Amados, não vos escrevo novo, mas um mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Contudo vos escrevo novo mandamento, que é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz” (1 Jo.2:7-8).
O que João diz aqui pode parecer contraditório. Afinal de contas, trata-se de um ‘novo’ ou um ‘antigo’ mandamento? Veja, o mandamento é o mesmo: amar ao próximo. Entretanto, o referencial é que mudou. Em vez de amá-lo como a si mesmo, deve-se amá-lo como Jesus nos amou.

A chegada do novo dia faz desnecessária outra referência de amor que não seja aquela demonstrada na Cruz. Qualquer outra referência é ofuscada pela a maior e mais contundente prova de amor de que se tem notícia. E é este amor que nos constrange para que deixemos de viver para nós mesmos, e vivamos em função d’Ele e do bem-estar dos nossos semelhantes. Paulo diz que “o amor de Cristo nos constrange (...) E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si” (2 Co.5:14a,15a).

Diferente da luz proporcionada pela vela, que alumia apenas em um pequeno raio, a luz solar é capaz de dissipar todas as trevas, tornando noite em dia.

Quando arrebatados do império das trevas para o reino do Filho do Amor de Deus, somos batizados, imersos em Seu amor. No dizer de Paulo, “o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm.5:5). É um caminho sem volta. O sol que acaba de nascer, jamais se porá novamente. Deixamos de viver para nós mesmos, para viver em função do objeto amado, nesse caso, Deus e nossos semelhantes.

O amor próprio deve ser dissipado. O vento do Espírito deve apagá-lo, para que em seu lugar possa arder o genuíno amor de Deus.

Ora, se deixamos de nos amar, por que razão deveríamos cuidar de nossa saúde, aparência, finanças e tudo o que diz respeito ao nosso bem-estar particular? Será que deveríamos nos tornar pessoas relaxadas? Isso glorificaria a Deus? Não! Absolutamente. Só que agora, nossas motivações são outras.

Deixar de amar a si mesmo para amar a Deus e a seus semelhantes não significa deixar de viver, ou mesmo preferir morrer. O que nos motiva agora é a busca pela glória de Deus e pelo bem comum.

Vejamos o exemplo de Paulo, registrado em sua carta aos Filipenses:

“A minha ardente expectativa e esperança é de em nada ser confundido, mas ter muita coragem para que agora e sempre, Cristo seja engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp.1:20-21).
Repare nisso: a única coisa de que Paulo fazia a mais absoluta questão era que Cristo fosse engrandecido através dele, não importava se pela sua vida ou pela sua morte. Paulo não temia a morte. Ela tinha consciência de que a deixar este mundo era lucro.

Ora, se morrer é lucro, por que não devemos todos desejar a morte? Porque não buscamos por lucro. Viver em função daquilo que nos é vantajoso é guiar-se pelo amor próprio, e não pelo amor à Deus e aos nossos semelhantes.

Paulo prossegue em seu raciocínio:

“Mas, se o viver na carne trouxer fruto para a minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; mas julgo mais necessário, POR AMOR DE VÓS, permanecer na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para o vosso progresso e gozo na fé” (Fp.1:22-25).
À luz desta perspectiva, podemos concluir que todo bem que procuramos para nós mesmos, deve ser motivado pelo bem que isso vá causar aos nossos semelhantes.

Por exemplo: sou pai de três lindos filhos. Eu poderia pensar: se não devo amar a minha própria vida, então, por que não posso fumar? Que mal haveria nisso? Isso apressaria minha passagem para o mundo porvir. Porém, pensando assim, eu estaria me suicidando à prestações, e dando um péssimo exemplos aos meus filhos a quem devo amar incondicionalmente. Portanto, é por amor a eles que devo me cuidar. Eles precisam de mim por muito tempo nesta vida.

Se pretendo ficar muito tempo neste mundo, para poder servir aos meus semelhantes, devo me cuidar, praticar exercícios, alimentar-me bem, abandonar qualquer vício prejudicial à saúde, etc.

E quanto à busca por estabilidade financeira? Haveria alguma justificativa plausível à parte do amor próprio? Óbvio que sim! É Paulo quem de novo nos oferece uma razão em linha com o novo mandamento:

“Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o necessitado”(Ef.4:28).
Eis a razão porque devemos trabalhar e buscar estabilidade financeira: ter o que repartir com quem precisa. Não é pecado ser rico. Pecado é fazer da riqueza um fim em si mesmo. Lembre-se que “o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm.6:10a). As coisas estão aí para serem usadas, e não amadas. As pessoas que devem ser amadas! Usemos as coisas para beneficiar as pessoas, e não usemos as pessoas para adquirir as coisas.

Vale aqui a advertência paulina:

“Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as cosias para delas gozarmos; que façam o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, que acumulem para si mesmos um bom fundamento para o futuro” (1 Tm.6:17-19a).
Se quisermos garantir um futuro promissor para nós e para o resto da humanidade, temos que mudar nosso paradigma, apagar a vela do amor próprio, e receber com gratidão o raiar do Sol da Justiça e do Amor trazendo o nov

Embora novo dia já tenha raiado, estamos aguardando o momento em que ele atingirá o seu apogeu, o que costumo chama de meio-dia profético, quando já não haverá mais sombras.

Urge despertarmos do nosso sono indolente e aprendermos a praticar o novo mandamento do amor. Não basta dizer que ama, tem que expressar esse amor em gestos e atitudes. Temos que aprender a repartir nosso pão, a viver em função do nosso semelhante, e não em função de nosso aprazimento pessoal.

Trata-se da prática do jejum prescrito em Isaías 58. Quando repartirmos nosso pão com o faminto, recolhermos em casa os sem-teto, vestirmos o nu, e deixarmos de nos esconder do nosso próximo, cumprir-se-á a promessa: “Então romperá a tua luz como a alva (...) se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita, então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia” (Is.58:8a,10).

O novo dia começou na Cruz, com a maior demonstração de amor de todas as Eras. A Igreja Primitiva vivenciou, durante o tempo de tribulação, a madrugada do novo dia, quando Jesus lhes parecia como a Estrela da Manhã. Somos convidados a vivenciar a alvorada desse Dia chamado Hoje, e aguardar pelo momento em que o Sol se posicionará no centro do Céu, dissipando as sombras, e trazendo avaliação e juízo a todas as obras. Quando isso se der, não apenas nossas obras serão julgadas, mas também as motivações que as produziram.
Hermes Fernandes no Cristianismo Subversivo

domingo, 8 de abril de 2012

Esse é meu REI, ele já ressiscitou, você o conhece?

Esse é o meu Rei, agora responda, você o conhece? ele também é o seu Rei?

Domingo, Jesus Ressuscita, a misericórdia, a bondade e o amor triunfam! Onde está
ó morte a tua vitória? Cristo venceu! Feliz Páscoa a todos.

post publicado originalmente em 24/04/11

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Com os olhos do coração - Tirinha

Veja também: Perfeita Imperfeição - Tirinha

E se sua vida fosse um filme?


Por Hermes Fernandes

Devo confessar: Sou um cinéfilo. A sétima arte me fascina. Enquanto assisto a um bom filme, sinto-me como se deixasse o cronos, e adentrasse outra esfera temporal. Aprendi a admirar um bom filme pela fotografia, pela direção, pela atuação dos seus protagonistas, pelos efeitos especiais, pela trilha sonora, mas principalmente, pelo roteiro.

Sou bem eclético. Não importa qual seja o gênero do filme, desde que não seja cheio de clichês. Gosto de filmes de comédia, drama, épicos, ficção científica, mas os que mais me fascinam são os de suspense. Gosto de sentir a adrenalina que acompanha a expectativa pelo inusitado.

Quando adentro a sala de projeção, quero ser surpreendido por um roteiro inovador. Aquela velha fórmula do mocinho que aparece pra salvar a mocinha não funciona pra mim. Nada é mais entediante do que um roteiro previsível. O filme pode ter uma direção impecável, com atores extraordinários, mas se for recheado de clichês, eu acabo dormindo. Nem pipoca me mantém acordado.

Lembro quando assisti ao último filme do Batman, e saí da sala comentando com meu filho: Isso é que é filme! Quase que em cada tomada havia uma surpresa. Nada acontecia como previsto. Foi de perder o fôlego! Destaque para a atuação impagável de Heath Ledger como o Coringa, que rendeu-lhe um Oscar póstumo. Pode-se até dizer que neste filme, Batman foi o coadjuvante.

O ser humano tem uma fixação por surpresas. Parece que fomos feitos já com esta expectativa vinda de fábrica. Estávamos bem aconchegantes e protegidos no ventre de nossa mãe, e de repente... surpresa! Nascemos. A partir daí, nossos olhos ficam sempre atentos em busca de novas surpresas.

Uma vida desprovida de surpresas acaba por gerar um tédio insuportável. Se as surpresas não vêm naturalmente, procuramos por elas. Queremos aventura. Queremos ser surpreendidos. Antes o stress provocado pela expectativa do inusitado, do que o tédio da monotonia.

Recuso-me a acreditar que o roteiro escrito por Deus para a minha vida seja cheio de clichês, de lugar-comum. Quero ter o que contar aos meus netos. Quero dar trabalho ao meu biógrafo. Quero fazer valer à pena. Então, que venham as surpresas!

E se minha vida um dia virar filme (quanta pretensão!), não quero ninguém dormindo no cinema.

Portanto, luz, câmera, ação!

 Hermes Fernandes em Cristianismo Subversivo