Por Hermes Fernandes
Devo confessar: Sou um cinéfilo. A sétima arte me fascina. Enquanto assisto a um bom filme, sinto-me como se deixasse o cronos, e adentrasse outra esfera temporal. Aprendi a admirar um bom filme pela fotografia, pela direção, pela atuação dos seus protagonistas, pelos efeitos especiais, pela trilha sonora, mas principalmente, pelo roteiro.
Sou bem eclético. Não importa qual seja o gênero do filme, desde que não seja cheio de clichês. Gosto de filmes de comédia, drama, épicos, ficção científica, mas os que mais me fascinam são os de suspense. Gosto de sentir a adrenalina que acompanha a expectativa pelo inusitado.
Quando adentro a sala de projeção, quero ser surpreendido por um roteiro inovador. Aquela velha fórmula do mocinho que aparece pra salvar a mocinha não funciona pra mim. Nada é mais entediante do que um roteiro previsível. O filme pode ter uma direção impecável, com atores extraordinários, mas se for recheado de clichês, eu acabo dormindo. Nem pipoca me mantém acordado.
Lembro quando assisti ao último filme do Batman, e saí da sala comentando com meu filho: Isso é que é filme! Quase que em cada tomada havia uma surpresa. Nada acontecia como previsto. Foi de perder o fôlego! Destaque para a atuação impagável de Heath Ledger como o Coringa, que rendeu-lhe um Oscar póstumo. Pode-se até dizer que neste filme, Batman foi o coadjuvante.
O ser humano tem uma fixação por surpresas. Parece que fomos feitos já com esta expectativa vinda de fábrica. Estávamos bem aconchegantes e protegidos no ventre de nossa mãe, e de repente... surpresa! Nascemos. A partir daí, nossos olhos ficam sempre atentos em busca de novas surpresas.
Uma vida desprovida de surpresas acaba por gerar um tédio insuportável. Se as surpresas não vêm naturalmente, procuramos por elas. Queremos aventura. Queremos ser surpreendidos. Antes o stress provocado pela expectativa do inusitado, do que o tédio da monotonia.
Recuso-me a acreditar que o roteiro escrito por Deus para a minha vida seja cheio de clichês, de lugar-comum. Quero ter o que contar aos meus netos. Quero dar trabalho ao meu biógrafo. Quero fazer valer à pena. Então, que venham as surpresas!
E se minha vida um dia virar filme (quanta pretensão!), não quero ninguém dormindo no cinema.
Portanto, luz, câmera, ação!
Hermes Fernandes em Cristianismo Subversivo
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